O mercado de usados está ainda abaixo de 2019. O Barómetro Standvirtual/ACAP (Associação Automóvel de Portugal) indica que a transferência de propriedade teve um crescimento de 19% em janeiro de 2022 em comparação com o mês homólogo de 2021.
Porém, a análise indica que os dados têm de ser analisados no contexto de um fevereiro muito negativo no ano passado, devido ao confinamento. De facto, a quebra face a 2019 é de 23%, o que significa que o mercado ainda está em recuperação.
O preço médio praticado pelos vendedores profissionais continua a subir, o que se relaciona com a escassez de produto, fixando-se em cerca de 21 500 euros. Ainda assim, os preços de alguns modelos mais representativos no Standvirtual (com 50 mil km e motor diesel) estabilizaram. O valor médio de um Renault Clio com aquelas características aumentou a partir de meados de 2021 e mantém-se estável nos 16 mil euros desde setembro. Em fevereiro, parece também estabilizar o preço do Mercedes-Benz A180 d (30 mil euros), tal como Nissan Qashqai (23 mil euros) e Renault Megane Sport Tourer (21 mil euros). Estes valores são, no entanto, 15% a 20% superiores comparativamente ao início de 2021.
Escassez de matérias-primas “atrapalha”
Há um problema de escasseza de matérias-primas, sobretudo semicondutores, que afeta toda a indústria automóvel a nível mundial que afeta os mercados internacionais. Este problema ocorro há vários meses e os analistas avisam que irá prolongar-se por mais alguns meses. O conflito bélico da Ucrânia é mais um fator de pressão.
Todos os segmentos “sofrem” com esta escassez, mas com menor representatividade de modelos abaixo dos 10 mil euros (próxima de 15% de share de anúncios no Standvirtual). Já os veículos acima de 20 mil euros estão acima dos 40% da quota de mercado (na mesma altura de 2020 era cerca de 30%). Viaturas entre os 10 e os 20 mil euros mantêm-se com uma quota ligeiramente superior a 40%.
Preços elevados entre empresas
Segundo dados fornecidos pela BCA, os preços mantêm-se elevados ao nível do B2B (entre empresas), com o ponto mais alto a registar-se em janeiro e ligeira descida em fevereiro, com aumento de preços para o consumidor final. Na secção de veículos novos do Standvirtual, os SUV representam cerca de metade da procura (49%), seguidos de utilitários (14%) e citadinos (14%). Nas intenções de compra por combustível, a gasolina representa 46%. Os veículos eletrificados reúnem 33% da procura, percentagem que inclui os elétricos (14%), já quase ao nível da procura por diesel (19%).
A ACAP indica que há um aumento de 32% no mercado de novos (ligeiros e pesados) em fevereiro face ao mesmo mês de 2021. No entanto, no ano passado este mês foi significativamente, o que justifica o crescimento. Ao fazer a comparação com 2020, a quebra é de 43%. No acumulado de 2022 há uma recuperação de 13% face ao ano anterior. Energias alternativas (eletrificados e a GPL) representaram 40% dos veículos ligeiros de passageiros novos em fevereiro.
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