Ensaio C4 1.2 Pure Tech 130 S&S AET8 Shine
Diferente, arrojado, possante ou ambicioso são alguns sinónimos que poderemos encontrar no “dicionário de sinónimos” da nova geração C4, que regressou com tudo.
Perfeitamente cientes que o primeiro impacto pode marcar a diferença, a Citroën fez questão de ir pouco mais longe, ao ponto de termos uma berlina que , mesmo não tendo essas aspirações, acaba por se aproximar das linhas de um crossover coupé… o que não será necessariamente um ponto negativo e poderá mesmo chegar a um leque de clientes mais abrangente.
A frente elevada apresenta um jogo estilístico entre o grupo óptico e o “double chevron” que parte da seção frontal parece estender-se pelo para-choques e início do capot. O perfil é marcado por uma linha de cintura elevada, significativamente mais elevada que as restantes propostas da concorrência, quem em conjunto com as cavas de rodas proeminentes, lhe confere o tal “ar” de crossover. A traseira é marcada pela significativa inclinação do óculo, que antes do final recebe um aileron, que por sua vez abre caminho para as luzes traseiras, que revelam um conjunto que acaba que parece partir para dois sentidos .
Espaço interior

Conforto, não é apenas sinónimo de uma boa suspensão (nisso a marca também é exímia, mas já lá vamos), mas também do espaço e nisso o habitáculo do C4 não deixa margem para reparos. Na versão ensaiada, Shine, a mistura entre a pele sintética e o tecido, o design ergonómico e apelativo dos bancos, são desde logo, uma boa carta de apresentação e um convite apelativo não só para as “viagens” urbanas, como para tiradas mais longas. Na fila de bancos posterior, os níveis de conforto estão igualmente assegurados, estão colocados numa posição ligeiramente mais elevada o que melhora a visibilidade para a frente, o túnel central é baixo e não causa grande desconforto a quem ocupa o lugar central. Há saídas de ventilação independentes e tomadas USB. Voltando à frente, uma nota que poderá beliscar este trabalho é a visibilidade traseira conseguida através do retrovisor interior, onde temos que contornar os encostos de cabeça traseiros e a pronunciada inclinação do óculo com aileron. Mas, a câmara de ajuda ao estacionamento, a monitorização de ângulo morto e o sistema 360º, acabam por relegar para segundo plano, em manobras de estacionamento, a utilização de qualquer um dos espelhos retrovisores.

Em termos de arrumação, a bagageira com 380 litros (1250 litros com os bancos traseiros rebatidos) é de fácil acesso e com fundo plano e ainda possui sob o piso um compartimento extra. Neste capítulo a Citroën foi um pouco mais longe e para além dos habituais espaços que encontramos sob o apoio central de braços, consola central (que ainda tem um pequeno compartimento “falso”) e portas, temos sobre o porta-luvas uma gaveta de arrumação bem conseguida e um suporte retrátil para receber por exemplo um tablet (smart pad support, como foi patenteado pelo construtor).

A rigidez de alguns materiais encontrados a bordo, acaba por ser colmatada pelo acabamento texturado e “soft touch”. Contudo, a qualidade em termos de construção não parece levantar questões a longo prazo.

A consola central alberga os comandos manuais da climatização e em cima surge um ecrã tátil de 10 polegadas, que apesar de não ser propriamente tão “ousado” como o restante conjunto, não compromete. A interação com qualquer smartphone está assegurada e os menus são de fácil perceção e manuseamento. O painel de instrumentos, todo ele digital é ainda apoiado pelo head up display.
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Na estrada
Começando pelo conforto, o desempenho do C4 continua a fazer justiça aos padrões do construtor francês. Não deixa de mostrar uma resposta positiva quando se exige um pouco mais do conjunto mas, sem margem para dúvidas, que é na “qualidade do pisar” que o modelo assume um estatuto referencial perante a concorrência, seja numa utilização mais intensiva em cidade, por pisos com menos convidativos, ou nas tiradas mais longas por estradas secundárias. Neste caso não será alheia adoção de um sistema de amortecedores com duplos batentes hidráulicos.
O motor tricilindrico de 1.2 litros turbo, com 130 cv com 230 Nm, mostra serviço pouco antes das 1800 rpm. A caixa automática de oito relações, com conversor de binário, mesmo no modo de condução Normal, mostrou ser uma “boa companhia”. Em modo Eco, nem tanto, mas se optarmos pelo Sport volta a “ganhar vida”. A resposta à medida que impomos um ritmo mais dinâmico é progressiva, mesmo tendo em conta que estamos perante um conjunto com 1755 kg. A única dúvida vai para o capítulo dos consumo, apesar de com o passar dos quilómetros termos indo apanhando “o jeito”, nunca conseguimos andar próximos dos 5,9 litros anunciados, fomos baixando progressivamente mas sempre perto dos 7,0 litros, sendo certo que tínhamos em mãos uma unidade ainda muito “verde” em termos de quilometragem, pelo que acreditamos que com tempo para fazer mais umas centenas largas de quilómetros a média se tornasse muito mais interessante.
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