Uma característica da Ferrari é a sua apetência pelos motores V8. Não é por acaso que mantém esta arquitetura desde 1973 que, até hoje, oferece em 4 modelos – o Roma, o Portofino, o Tributo F8 (em fim de carreira) e o SF90 Stradale. Contudo, a evolução tecnologia e sobretudo a forte pressão para redução das emissões obrigou os engenheiros a recorrer a novas tecnologias e desenvolver o novo Bloco V6 com um V a 120⁰. A importância deste motor é tal, que vai ser o responsável pelo desaparecimento dos V8s dos modelos de Maranello, incluindo o SUV em desenvolvimento apelidado de Purosangue.

Sendo um motor Ferrari não surpreende que estejamos perante uma elevada potência, porém os engenheiros de Maranello empenharam-se ao máximo na sua génese. O motor da família F163 possui 2992 cm3, distribuídos por 6 cilindros, integrados num bloco em V, 2 turbo compressores, produzindo 672 Cv às 8500 rpm, o que resultou na potência especifica mais elevada para um veículo de produção de série com uns impressionantes 224 Cv/litro.
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Apesar do novo V6 ter o mesmo design e características a nível dos cilindros (pistões, válvulas, etc) do motor V8 a sua arquitetura é totalmente diferente, com a abertura do V a chegar aos 120⁰ – estreia na marca. Esta introdução permitiu aos engenheiros colocar os 2 turbo compressores no meio do V, mantendo uma conduta de admissão curta e ao mesmo tempo permitir um melhor fluxo dos gases de escape. Alias este último ponto foi fundamental, pois o trabalho realizado nas ondas de pressão dos gases de escape permite, que este motor, emita o som característico dos motores V12 da marca. No desenvolvimento deste novo bloco, os engenheiros apelidaram de “Piccolo V12” – pequeno V12.

Para alcançar esta potência especifica notável, contribuíram os novos turbos desenvolvidos IHI que podem atingir 180.000 rpm, novas condutas de admissão e escape, um sistema de injeção direta a gasolina de 350 bar, uma gestão térmica aprimorada, assim como muitas outras inovações.
Não se trata de uma tecnologia nova, pois a BMW, Mercedes AMG, Porsche, entre outros, utilizavam esta tecnologia maioritariamente pela falta de espaço, uma vez que maioritariamente os motores frontais têm de albergar todos os outros componentes como a direção, travagem, etc, no mesmo espaço, porém, a Ferrari ao colocar o motor numa posição traseira, na maior parte dos seus modelos, conseguia manter os turbos no lado de fora do V, baixando o centro de gravidade.
Para estrear este novo motor V6, que será a motorização principal para os próximos modelos, a Ferrari desenvolveu o 296 GTB. Não só criou um chassis e carroçaria desportiva como eletrificou o “piccolo V12”. Adicionando um motor elétrico entre o bloco V6 e a caixa de velocidades de 8 relações de dupla embraiagem, capaz de desenvolver 164 cv. Para alimentar o sistema elétrico a Ferrari utilizou uma bateria de iões de lítio de 7.45 KWh, conferindo a este Ferrari a características de Plug-in. Curiosamente, o primeiro Ferrari de tração traseira Plug-in, é capaz de percorrer cerca de 25 kms em modo zero emissões, até uma velocidade de 135 km/h, com um consumo anunciado de 6.4 l/100kms e 149g/km.
Apesar das características “económicas”, o 296 GTB não deixa de ser um desportivo de eleição, pois os números não enganam…motor de 2.9l, V6 bi-turbo, híbrido plug-in, potencia máxima de 830cv, binário de 740Nm as 6250 rpm, para um conjunto de 1470 kg…assim os 0-100km/h cumprem-se em 2.9s, os 200 km/h chegam em 7.3 segundos atingindo a velocidade máxima superior aos 330 km/h! Assim a Ferrari, adota os “electrões” como a solução de corresponder aos desafios dos dias de hoje!
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