Cerca de 785 mil escudos, agora quatro mil euros, mais coisa menos coisa, foi quanto este Mercedes-Benz 600 S (W100) custou em Maio de 1966 aos cofres do Estado. Primeiro ao serviço da Presidência do Conselho de Ministros, passando em 1977 para a Presidência da República, onde prestou serviço até meados da década de 90.
Equipado com o um motor a gasolina V8 de 6,3 litros e transmissão automática, o modelo contava já, na altura, com suspensão hidráulica.
No final dos anos 90, o modelo chegou à Sociedade Comercial C. Santos em peças, divididas por várias caixas. Três anos depois, com muitas “contas… e dores de cabeça”, o modelo ficou pronto para voltar à estrada, depois de um projeto de restauro que demorou cerca de três anos. Hoje é uma das estrelas da exposição “O motor da República: os carros dos Presidentes”, que o Museu da Presidência tem patente no Museu dos Transportes e Comunicações, na Alfândega do Porto.
Um puzzle difícil de montar

Contudo, até chegar aqui este modelo precisou de uma intervenção profunda. Tão profunda que o veículo chegou às instalações da Sociedade Comercial C. Santos desmontado e com várias peças acomodadas dentro de caixas. O restauro deste Mercedes-Benz 600 S foi o primeiro grande desafio que Agostinho Azevedo teve quando, em 1998, entrou para a Sociedade Comercial C. Santos. “Sem dúvida que foi um grande desafio, pelas condições em que a viatura chegou. Seja o melhor orçamentista que possa existir, é sempre muito complicado fazer um orçamento quando as coisas já vêm, enfim desmontadas”, explica Agostinho Azevedo, nesta SocInterview.
A equipa não esmoreceu e colocou mãos à obra para fazer o orçamento. Contas feitas, chegou-se a um valor a enviar ao Ministério das Finanças: 12 mil contos (cerca de 60 mil euros). “Algumas pessoas não acharam muita piada, porque eram valores, realmente, excessivos e como eu estava há pouco tempo na Sociedade Comercial C. Santos, tudo se ‘enquadrava’ para que alguma coisa não estivesse bem”, conta o profissional, hoje responsável pela área de Colisão na empresa.

Agostinho de Azevedo não estranha que tivesse havido dúvidas. É que tinha, na altura, 28 anos e nunca tinha coordenado um porjeto dfe restauro com grau de complexidade e exigência. “Ainda por cima numa viatura tão emblemática como esta”. O facto é que a reparação foi feita e a fatura que foi emitida três anos depois tinha o valor de 11 900 contos. “Portanto, a estimativa, não andava muito longe da realidade”, concluiu.
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Exposição “O motor da República: os carros dos Presidentes.”
Fruto de uma parceria entre o Museu dos Transportes e Comunicações e o Museu da Presidência da República, a exposição “O motor da República: os carros dos Presidentes”, patente no Edifício da Alfândega do Porto, possibilita a visita a uma das mais importantes coleções de veículos do País: os que, ao longo da já centenária República, estiveram ao serviço dos seus presidentes.
É uma oportunidade de percorrer alguns dos momentos mais marcante da história da República Portuguesa e da instituição presidencial, desde 1910 até aos nossos dias. Através de fotos, textos, meios audiovisuais, objetos e documentos alusivos à atividade política de cada presidente, os visitantes podem obter uma panorâmica da mobilidade dos Chefes de Estado.
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