Com duas décadas de bons serviços, a quarta geração do Toyota Yaris provou, mais uma vez, que continua a ter argumentos para triunfar na “liga dos campeões” dos Utilitários. Tal como aconteceu com a primeira geração, estreada em 1999, o Yaris voltou a conquistar o troféu de Carro Europeu do Ano 2021 e ainda o de “Citadino do Ano 2021”, por terras lusas.
A unidade ensaiada, Yaris 1.5 HDF Premier Edition com tejadilho panorâmico é, efetivamente, aquela que se pode dizer que não falta quase nada… o que explica os 26 794,66€ pedidos. Contudo, o acesso à família híbrida está disponível a partir de 21 500,00€ ou então por cerca de 16 400,00€ se tivermos em conta a versão de 1.0 litros a gasolina de 72 cv.
Visual distinto
A imagem desta geração Yaris teve como ponto de partida a filosofia TNGA (Toyota New Global Architecture) e a estreia da nova plataforma modular GA-B, que servirá de base a novos produtos da casa nipónica e que para além de ter permitido conseguir um desenho final ousado e desportivo é capaz de uma eficiência dinâmica de referência no segmento.
Mesmo sem ter aqueles “pozinhos mágicos” do GR , a imagem já tem um forte cunho desportivo. A frente é marcada por ângulos com cortes acentuados, óticas que “entram” pelos guarda-lamas e um pára-choques marcado por uma grelha frontal generosa, completada por entradas de ar inferiores que recebem os faróis de nevoeiro. De perfil continuam os vincos bem demarcados e uma pintura bi-color (vinil preto que vem desde o tejadilho até aos pilares). Atrás, destaque para os farolins que se fundem num género de aileron em acrílico que alberga o logo do construtor, o comando de abertura da bagageira e a câmara traseira.
Vida a bordo
O habitáculo deste Yaris Premier Edition mistura notas de requinte com um cunho desportivo. Impera o couro negro (com as costuras a vermelho), as inserções em alumínio e plásticos com pintura a preto brilhante. Um trabalho apenas “beliscado” pela presença de alguns plásticos mais rígidos na parte inferior do tablier e guarnições das portas, mas que a julgar pela montagem não deverão trazer problemas a longo prazo. Os espaços para arrumação de pequenos objetos proliferam e marcam pontos em termos de ergonomia. A volumetria da bagageira, 286 litros, não sendo a melhor da classe, alinha pela média da concorrência. O espaço a bordo, cumpre os “mínimos” exigidos e atrás, o facto da parte final dos assentos serem ligeiramente “cavados” e não naquele ângulo de 90º com as costas, permitem ganhar alguns centímetros extra. Na versão ensaiada o tejadilho panorâmico também marca pontos e dá uma sensação de maior liberdade. Nota ainda para a forma como os puxadores de abertura das portas estão “escondidos” nos perfis. À primeira vista até pode requerer alguma habituação e em caso de maior dificuldade, sobretudo à noite, cada um tem um pequeno foco de luz a incidir.
Em matéria de infoentretenimento, a marca apostou no essencial, o ecrã multi-funções de 8” não apresenta a tecnologia ou complexidade de algumas funções de vanguarda, mas acaba por ter tudo o que é necessário e de fácil manuseamento. Na consola central, os comandos analógicos ficam apenas reservados para a climatização e sob estes temos um posto de carregamento wireless para smartphones. Por outro lado, em termos de equipamento, e aqui o construtor faz uma das suas bandeiras, pouco foi deixado ao acaso, a começar pelo head-up display, que não é propriamente muito comum em modelos deste segmento. Entre os dispositivos de segurança e assistência à condução destaque para o sistema de pré-colisão, aviso de saída de faixa de rodagem (mas se dermos ”pisca” o sistema já não se zanga), Cruise Control Adaptativo, Luzes de máximo com controlo automático e reconhecimento de Sinais de Trânsito. O sistema de som, com oito colunas é assinado pela JBL e dispensa apresentações em termos de qualidade.
Na estrada
No desempenho deste 1.5 Hybrid, referência para o trabalho conjunto entre o motor tricilíndrico a gasolina de 92 cv e 120 Nm de binário e o motor elétrico de 59 kW (80 cv) e 141 Nm, o que reseulta num bom compromisso no binómio prestações/consumos. Com alguma gestão e treino sobre o pedal do acelerador, sobretudo em circuito urbano, consegue-se aproveitar toda a eficiência do sistema híbrido, ou seja conseguimos rolar durante longos períodos apenas com recurso ao motor elétrico, o que em matéria de consumos é uma mais valia. Por outro lado, quando se pretende um ritmo mais “despachado” este também serve de apoio ao motor térmico, onde temos uma potência combinada de 116 cv. Mesmo com alguns “abusos” e experiências entre os modos de condução Eco, Normal e PWR (Sport), conseguimos uma média combinada de 4,7 litros. Na utilização quotidiana, o modo ECO cumpre os requisitos, mesmo com uma resposta “mais longa” da caixa automática CVT. Claro que se quisermos fazer o “gosto ao pé” numa estrada mais sinuosa, aí é melhor carregar no PWR e toda a eletrónica assume novas funções. Neste registo, referência ainda para a resposta dada pela direção, direta e precisa e também pela suspensão “seca” q.b. e perfeitamente à altura das exigências, sem esquecer o desempenho de base da nova plataforma GA-B. Não é um GR, nem pretende sê-lo, mas após alguns quilómetros, numa estrada de montanha, até pensamos que há aqui alguma coisa de Gazoo Racing!
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