O Raid Figueira da Foz – Lisboa, que foi para a estrada em 27 de Outubro de 1902, marcou a estreia das provas desportivas de automóveis em solo ibérico.
Cento e vinte anos depois, o Automóvel Club de Portugal recordou o Raid Figueira da Foz – Lisboa, com um espaço exclusivo no Estoril Classics que, no passado fim-de-semana, teve como palco o Autódromo Estoril. Sob, a então, responsabilidade do Real Automóvel Club de Portugal, ainda com a figura do Rei D. Carlos I, como presidente honorário, esta prova esteve também na origem da criação do Automóvel Club de Portugal (ACP).
A história
Tudo começou quando um grupo de entusiastas, que nos primórdios via o automóvel como um objeto de desporto e lazer, se reuniu na redação do jornal A Época, a 6 de setembro de 1902. O diretor do jornal, Zeferino Cândido, juntou-se a um grupo de pioneiros do automóvel, entre os quais Carlos Callixto, Anselmo de Sousa, Eduardo Noronha ou Henrique Anacoreta, com a intenção “de estudar os meios de desenvolver o automobilismo em Portugal, dada a importância que este género de desporto tem adquirido ultimamente em todas as nações cultas”. Também se associaram diversas personalidades influentes na sociedade portuguesa encabeçadas pelo Infante D. Afonso de Bragança, ele próprio um apaixonado pelo automobilismo.
Dessa reunião saiu a vontade de se fundar um clube, mas antes foi decidido fazer uma corrida de automóveis em estrada. Nomeou-se uma comissão executiva para “realizar uma grande corrida de automóveis no Outono de 1902, com partida da Figueira da Foz e chegada ao Campo Grande, em Lisboa.
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Com 14 concorrentes à partida, nove automóveis (dois a vapor e sete a gasolina) e cinco motociclos, o Fiat do Infante D. Afonso, irmão do Rei D. Carlos, conduzido pelo motorista italiano Bordino, foi o primeiro a cumprir os 270 km de prova. O segundo lugar foi garantido por Afonso de Barros, ao volante de um Darraq.
Após a prova, a comissão organizadora propôs no seu último relatório, que “o remanescente da importância das taxas de inscrição seja aplicado às despesas da fundação do ACP”…
Assim, em 15 de Abril de 1903 era fundado o Real Automóvel Club de Portugal, presidido pelo Rei D. Carlos e tendo como Presidente da Mesa da Assembleia Geral o Infante D. Afonso. Os 35 membros dos corpos sociais fizeram parte das comissões que estiveram na origem do atual Automóvel Club de Portugal.
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