As vendas dos veículos elétricos não param de subir, especialmente nas grandes urbes…como atração estão os baixos custos de utilização e manutenção, os incentivos fiscais, e em acréscimo, o sentido de responsabilidade ambiental.
Contudo, nem tudo são vantagens…pois os carregamentos, quer em tempo, quer em termos de disponibilidade de uma rede pública de carregamento capaz, o custo mais elevado de aquisição, quando comparados com modelos equivalentes a combustão, são os elementos pode colocar grandes entraves a sua comercialização…mas neste último item, o panorama esta a mudar consideravelmente.
Os modelos produzidos na China estão a entrar pelo mercado europeu e, qualquer cliente que leve a sério a luta contra as alterações climáticas (e as vantagens já enunciadas) ficará com o ego satisfeito. Porém, apesar da retórica da União Europeia em prol de uma crise ambiental – que é inequívoca – está também interessada na proteção da indústria automóvel que move biliões ao longo ano. Com entrada dos modelos chineses a preços competitivos prevê-se que seja aplicada um imposto extra aos modelos provenientes dessa região. Um aparte a qualidade dos modelos chineses já se equipara aos europeus…e talvez por essa razão os construtores do velho continente se sintam ameaçados. No mais recente discurso da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, primeiro realizou um agradecimento a todos que contribuíram para a melhoria das condições climatéricas e ambientais, porém, prevê “investigar” se os carros elétricos provenientes da China recebem subsídios governamentais, que facilmente vão ser descobertos…
Mas temos que olhar para o nosso umbigo, se os veículos elétricos tem características que podem agradar a alguns utilizadores, certamente que não agrada a todos, contudo não podemos ser hipócritas e ignorar o facto que uma das principais razões para a compra de veículos elétricos (especialmente para as empresas) é a isenção de impostos, ou seja, todos os governos estão a “financiar” esta tecnologia.
Não devemos de interpretar esta situação como negativa, contudo se as taxas vierem a ser aplicadas a China vai questionar a legitimidade das mesmas…e pior, a China pode retaliar. A BYD já é o maior construtor mundial de veículos elétricos, ultrapassando a grande impulsionadora desta tecnologia, a Tesla, não porque uma questão de produto, mas apenas por questões de capacidade de produção e financeiras. E se os construtores europeus alemães, franceses e italianos, se juntarem em sinergias de agregação das marcas para baixar os custos (desenvolvimento e produção), devem de se preocupar com a invasão das novas marcas, pois o custo médio de produção de veiculo chinês, é cerca de 12 mil Euros, muito longe dos 33 mil dos Europeus. Talvez a taxa extraordinária venha a amenizar a situação, mas não vai resolver.
Na verdade, quando a união europeia insistiu em dar prioridade às alterações climáticas acima de tudo, não percebeu que isso daria à China uma clara liderança industrial. A China já domina a produção mundial de painéis solares, turbinas eólicas, entre outros elementos das energias “renováveis” assim como as baterias, apesar do incremento nos últimos anos, na Europa.
A união europeia tem as ferramentas para amenizar esta situação com a possibilidade de protelar os motores de combustão que estão cada vez mais eficientes e ecológicos. A norma Euro 7 que estava demasiada restritiva foi alterada…pior para o ambiente, melhor para a economia.
Contudo, em tudo da vida tem de haver um equilíbrio e se o caminho for apenas os veículos elétricos, não tenhamos dúvidas que em breve a União Europeia vai ter de decidir se, preocupa-se mais com as alterações climáticas ou com a proteção da indústria automóvel, porque em breve o dilema será demasiado óbvio para ser ignorado.
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